Sua cultura de raiz resiste a essas imposições bravamente, talvez pela própria velocidade do seu povo, do jeito gostoso de vadiar, da sua riqueza ímpar, tão característico do baiano. Ela foi formada a partir dos nativos, africanos e portugueses. E durante séculos se manteve sem outras influências, consolidando de forma tenaz esta mistura que deu origem a sua riqueza. A própria televisão, veículo de grande influência, só chegou à Bahia na década de 60 e com programação local. Só na década de 70 é que passou a retransmitir programação de outros estados.
Algumas características que ajudam a manter a coesão da cultura baiana:
1) O linguajar cotidiano típico do seu povo, praticado por todas as classes sociais:
“Painho”, “mainha”, “vixe Maria”, “oxente”, “porreta”, “ó pai ó”, “meu irmão”.
São diálogos que mantém uma grande proximidade e cumplicidade:
• “Êta! Ôce tá retado mesmo”: É uma expressão muito usada para dizer que você está com a bola toda. Ou pode ser usado para indicar que alguém está aborrecido.
• “E aí, mer mão! Você é meu peixe, minha corrente”: E aí, meu camarada! Você é meu amigo, te considero muito!
• “Rapaz, você fala mais que a nêga do leite”: Você é um tagarela, não consegue parar de falar.
• “É nenhuma”: Tudo ok!
• “Tá vendo? Fica aí dando mole”: Você está perdendo oportunidades, está “vacilando”.
Baiano não fala “Não sei”, diz “Sei lá!”. Chama de “Rapaz” e “Velho” qualquer pessoa, seja homem ou mulher. No lugar de “vamos embora”, falamos “vumbora” ou “'bora”e também pode ser dito em forma repetitiva-poética como “borimbora” que quer dizer “vumbora embora”. Bora Bahêa porra.
O linguajar é tão típico que foi criado um Dicionário de Baianês e sobre ele falam:
Antonio Houaiss. “Para o início ou composição de um dicionário da língua brasileira, este livrinho é um primeiro documentário precioso que muito contribuirá para o registro da palavra de uso baiano”.
Márcia Gomes - Jornal do Brasil “A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros,vinha da boca do povo na língua errada do povo, língua certa do povo, porque ele é que fala gostoso o português do Brasil”.
2) Os seus bairros, ruas, praias têm nomes indígenas, africanos que mantêm acesso no dia a dia a sua miscigenação e riqueza cultural.
Itapuã, Piatã, Arembepe, Aquidabã, Amaralina, Itapagipe, Pituaçú, Pituba, Tororó, Itaparica, Jauá, Itapagipe, Itaigara.
Gostei muito do assunto, pois aqui em Mato Grosso ouvimos muito esse linguajar...
ResponderExcluirGostei muito do assunto, pois aqui em Mato Grosso ouvimos muito esse linguajar...
ResponderExcluirAí fala baianês?
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