Muitas vezes usamos certas expressões, mas não temos idéia do que elas significam.São  ditados ou termos populares que através dos anos permaneceram sempre  iguais, significando exemplos morais, filosóficos e religiosos. 
Tanto os provérbios quanto os ditados populares constituem uma parte importante de cada cultura. 
Historiadores e escritores sempre tentaram descobrir a origem dessa riqueza cultural, mas essa tarefa nunca foi nada fácil. 
O  grande escritor José da Câmara Cascudo já dizia que: "os ditados  populares sempre estiveram presentes ao longo de toda a História da  humanidade". 
o  Brasil isso não é nenhuma novidade. Muitas vezes ocorrem expressões tão  estranhas e sem sentido, mas que são muito importantes  para a nossa  cultura popular.
Veja aqui algumas dessas expressões ou ditados populares:
Bicho-de-sete-cabeças
Tem  origem na mitologia grega, mais precisamente na lenda da Hidra de  Lerna, monstro de sete cabeças que, ao serem cortadas, renasciam. Matar  este animal foi uma das doze proezas realizadas por Hércules. A  expressão ficou popularmente conhecida, no entanto, por representar a  atitude exagerada de alguém que, diante de uma dificuldade, coloca  limites à realização da tarefa, até mesmo por falta de disposição para  enfrentá-la.
Com o rei na barriga
A  expressão provém do tempo da monarquia em que as rainhas, quando  grávidas do soberano, passavam a ser tratadas com deferência especial,  pois iriam aumentar a prole real e, por vezes, dar herdeiros ao trono,  mesmo quando bastardos. Em nossos dias refere-se a uma pessoa que dá  muita importância a si mesma.
Ver (ou adivinhar) passarinho verde
Significa  estar apaixonado. O passarinho em questão é uma espécie de periquito  verde. Conta uma lenda que alguns românticos rapazes do século passado  adestravam o bichinho para que ele levasse no bico uma carta de amor  para a namorada. Assim, o casal de apaixonados tinha grandes chances de  burlar a vigilância de um paizão ranzinza.
Com a corda toda
Antigamente,  os brinquedos que possuíam movimento eram acionados torcendo um  mecanismo em forma de mola ou um elástico, que ao ser distendido, fazia o  brinquedo se mexer. Ambos os mecanismos eram chamados de "corda". Logo,  quando se dava "corda" totalmente num brinquedo, ele movia-se de forma  mais agitada e frenética. Daí a origem da expressão.
Favas contadas
De  acordo com o pesquisador Câmara Cascudo, antigamente, votavam-se com as  favas brancas e pretas, significando sim ou não. Cada votante colocava o  voto, ou seja, a fava, na urna. Depois vinha a apuração pela contagem  dos grãos, sendo que quem tivesse o maior número de favas brancas  estaria eleito. Atualmente, significa coisa certa, negócio seguro.
Fazer ouvidos de mercador
Orlando  Neves, autor do Dicionário das Origens das Frases Feitas, diz que a  palavra mercador é uma corruptela de marcador, nome que se dava ao  carrasco que marcava os ladrões com ferro em brasa, indiferente aos seus  gritos de dor. No caso, fazer ouvidos de mercador é uma alusão a  atitude desse algoz, sempre surdo às súplicas de suas vítimas.
Tapar o sol com a peneira
Peneira  é um instrumento circular de madeira com o fundo em trama de metal,  seda ou crina, por onde passa a farinha ou outra substância moída.  Qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira é inglória, uma vez que o  objecto é permeável à luz. A expressão teria nascido dessa constatação,  significando atualmente um esforço mal sucedido para ocultar uma  asneira ou negar uma evidência.
O pomo da discórdia
A  lendária Guerra de Tróia começou numa festa dos deuses do Olimpo: Éris,  a deusa da Discórdia, que naturalmente não tinha sido convidada,  resolveu acabar com a alegria reinante e lançou por sobre o muro uma  linda maçã, toda de ouro, com a inscrição “à mais bela”. 
Como  as três deusas mais poderosas: Hera, Afrodite e Atena disputavam o  troféu, Zeus passou a espinhosa função de julgar para Páris, filho do  rei de Tróia. O príncipe concedeu o título a Afrodite em troca do amor  de Helena, casada com o rei de Esparta. 
A  rainha fugiu com Páris para Tróia, os gregos marcharam contra os  troianos e a famosa maçã passou a ser conhecida como "o pomo da  discórdia" – que hoje indica qualquer coisa que leve as pessoas a brigar  entre si.
Afogar o ganso
No  passado, os chineses costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais  com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam a cabeça da  ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima. Daí a  origem da expressão, que se refere a um homem que está precisando fazer  sexo.
Ave de mau agouro
Diz-se  de pessoa portadora de más notícias ou que, com a sua presença, anuncia  desgraças. O conhecimento do futuro é uma das preocupações inerentes ao  ser humano. Quase tudo servia para, de maneiras diversas, se tentar  obter esse conhecimento. As aves eram um dos recursos que se utilizava.  Na antiga Roma, a predição dos bons ou maus acontecimentos (Avis  spicium, em Latim) era feita através da leitura do vôo ou canto das  aves. Os pássaros mais usado para isso eram a águia, a coruja, o corvo e  a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a conotação funesta com  qualquer destas aves.
Santinha do pau oco
Expressão  que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos século  XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas  utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era “recheado”  com preciosidades roubadas e enviado para Portugal.
Mais vale um pássaro na mão que dois voando
Significa  que é melhor ter pouco que ambicionar muito e perder tudo. É tradição  de antigos caçadores. Eles achavam melhor apanhar logo a ave que tinham  atingido de raspão, antes que ela fugisse, do que tentar atirar nas que  estavam voando e errar o alvo.
Apressado come cru
Quando  não existia o forno microondas, era preciso muito tempo para a comida  ficar pronta, ou então comê-la crua. Nessa época, a culinária japonesa  ainda não estava na moda e comida crua era vista com maus olhos. Assim, a  expressão passou a ser usada para significar afobamento, precipitação.
Chorar as pitangas
Pitangas  são deliciosas frutinhas cultivadas e apreciadas em todo o país,  especialmente nas regiões norte e nordeste do país. A palavra deriva de  pyrang, que, em tupi-guarani, significa vermelho. Sendo assim, a  provável relação da fruta com lágrimas, vem do fato de os olhos ficarem  vermelhos, parecendo duas pitangas, quando se chora muito.
Farinha do mesmo saco
“Homines  sunt ejusdem farinae” esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a  origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento  reprovável. Como a farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha  ruim, faz-se essa comparação para insinuar que os bons andam com os bons  enquanto os maus preferem os maus.
Aquela que matou o guarda
Tratava-se  de uma mulher que trabalhava para D. João VI e se chamava Canjebrina,  que, como informam os dicionários, significa pinga, cachaça. Ela teria  matado um dos principais guardas da corte do Rei. O fato não foi  provado. Mas está no livro “Inconfidências da Real Família no Brasil”,  de Alberto Campos de Moraes.
Sangria desatada
Diz-se  de qualquer coisa que requer uma solução ou realização imediata. Esta  expressão teve origem nas guerras, onde se verificava a necessidade de  cuidados especiais com os soldados feridos. É que, se por qualquer  motivo, se desprendesse a atadura posta sobre as feridas, o soldado  morreria, por perder muito sangue.
Colocar panos quentes
Significa  favorecer ou acobertar coisa errada feita por outro. Em termos  terapêuticos, colocar panos quentes é uma receita, embora paliativa,  prescrita pela medicina popular desde tempos remotos. Recomenda-se  sobretudo nos estados febris, pois a temperatura muito elevada pode  levar a convulsões e a problemas daí decorrentes. Nesses casos,  compressas de panos encharcados com água quente são um santo remédio. A  sudorese resultante faz baixar a febre.
Cor de burro quando foge
A  frase original era “Corra do burro quando ele foge”. Tem sentido  porque, o burro enraivecido, é muito perigoso. A tradição oral foi  modificando a frase e “corra” acabou virando “cor”.
Pagar o pato
A  expressão deriva de um antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se  um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente  e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo  animal sacrificado. Sendo assim, passou-se a empregar a expressão para  representar situações onde se paga por algo sem ter qualquer benefício  em troca.
De pequenino é que se torce o pepino
Os  agricultores que cultivam os pepinos precisam de dar a melhor forma a  estas plantas. Retiram uns “olhinhos” para que os pepinos se  desenvolvam. Se não for feita esta pequena poda, os pepinos não crescem  da melhor maneira porque criam uma rama sem valor e adquirem um gosto  desagradável. Assim como é necessário dar a melhor forma aos pepinos,  também é preciso moldar o caráter das crianças o mais cedo possível.
Salvo pelo gongo
O  ditado tem origem na na Inglaterra. Lá, antigamente, não havia espaço  para enterrar todos os mortos. Então, os caixões eram abertos, os ossos  tirados e encaminhados para o ossário e o túmulo era utilizado para  outro infeliz. Só  que, às vezes, ao abrir os caixões,os coveiros percebiam que havia  arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele  morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia – muito comum  na época). 
Assim,  surgiu a idéia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do  defunto, tira essa que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada  num sino. Após  o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias.  Se o indivíduo acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar.  Desse modo, ele seria salvo pelo gongo. Atualmente, a expressão significa escapar de se meter numa encrenca por uma fração de segundos.
Elefante branco
A  expressão vem de um costume do antigo reino de Sião, situado na atual  Tailândia, que consistia no gesto do rei de dar um elefante branco aos  cortesãos que caíam em desgraça. Sendo  um animal sagrado, não podia ser posto a trabalhar. Como presente do  próprio rei, não podia ser vendido. Matá-lo, então, nem pensar. Não  podendo também ser recusado, restava ao infeliz agraciado alimentá-lo,  acomodá-lo e criá-lo com luxo, sem nada obter de todos esses cuidados e  despesas. Daí o ditado significar algo que se tem ou que se construiu, mas que não serva para nada.
Comer com os olhos
Soberanos da África Ocidental não consentiam testemunhas às suas refeições. Comiam sozinhos. Na  Roma Antiga, uma cerimônia religiosa fúnebre consistia num banquete  oferecido aos deuses em que ninguém tocava na comida. Apenas olhavam,  “comendo com os olhos”. A  propósito, o pesquisador Câmara Cascudo diz que certos olhares absorvem  a substância vital dos alimentos. Hoje o ditado significa apreciar de  longe, sem tocar.
Amigo da onça
Segundo estudiosos da língua portuguesa, este termo surgiu a partir de uma história curiosa. Conta-se  que um caçador mentiroso, ao ser surpreendido, sem armas, por uma onça,  deu um grito tão forte que o animal fugiu apavorado. Como quem o ouvia  não acreditou, dizendo que , se assim fosse, ele teria sido devorado, o  caçador, indignado, perguntou se, afinal, o interlpcutor era seu amigo  ou amigo da onça. Atualmente, o ditado significa amigo falso, hipócrita.
Estar com a corda no pescoço
O  enforcamento foi, e ainda é em alguns países, um meio de aplicação da  pena de morte. A metáfora nasceu de anistias ou comutações de pena  chegadas à última hora, quando o condenado já estava prestes a ser  executado e o carrasco já lhe tinha posto a corda no pescoço, situação  que, de fato, é um sufoco. Hoje, o ditado significa estar ameaçado, sob pressão ou com problemas financeiros.
Como sardinha em lata
A  palavra sardinha vem do latim sardina. Designa o peixe abundante na  Sardenha, conhecida região da Itália. É um alimento apreciado e  nutritivo, de sabor bem peculiar. As  sardinhas, quando enlatadas em óleo ou em outro molho, vêm coladas umas  às outras. Por analogia, usa-se a expressão popular sardinha em lata  para designar a superlotação de veículos de transporte público.
O pior cego é o que não quer ver
Em  1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de  Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome  Angel. 
Foi  um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou  a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que  ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus  olhos. 
O  caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a  causa e entrou para a história como o cego que não quis ver. Atualmente, o ditado se refere a a alguém que se nega a admitir um fato verdadeiro.
Andar à toa
Toa  é a corda com que uma embarcação remboca a outra. Um navio que está “à  toa” é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca  determinar. Uma mulher à toa, por exemplo, é aquela que é comandada  pelos outros. Jorge Ferreira de Vasconcelos já escrevia, em 1619: Cuidou  de levar à toa sua dama. Hoje, o ditado significa andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.
Casa de mãe Joana
Este  dito popular tem origem na Itália. Joana, rainha de Nápoles e condessa  de Provença (1326-1382), liberou os bordéis em Avignon, onde estava  refugiada, e mandou escrever nos estatutos: “Que tenha uma porta por  onde todos entrarão”.
O  lugar ficou conhecido como Paço de Mãe Joana, em Portugal. Ao vir para o  Brasil a expressão virou “Casa da Mãe Joana”. A outra expressão  envolvendo Mãe Joana, um tanto chula, tem a mesma origem, naturalmente.
Onde judas perdeu as botas
Como  todos sabem, depois de trair Jesus e receber 30 dinheiros, Judas caiu  em depressão e culpa, vindo a se suicidar enforcando-se numa árvore. 
Acontece  que ele se matou sem as botas. E os 30 dinheiros não foram encontrados  com ele. Logo os soldados partiram em busca as botas de Judas, onde,  provavelmente, estaria o dinheiro. 
A  história é omissa daí pra frente. Nunca saberemos se acharam ou não as  botas e o dinheiro. Mas a expressão atravessou vinte séculos. Atualmente, o ditado significa lugar distante, inacessível.
Quem não tem cão caça com gato
Significado: Se você não pode fazer algo de uma maneira, se vira e faz de outra.
Histórico:  Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou.  Inicialmente se dizia “quem não tem cão caça como gato”, ou seja, se  esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.
Da pá virada
Significado: Um sujeito da pá virada pode tanto ser um aventureiro corajoso como um vadio. 
Histórico:  a origem da palavra é em relação ao instrumento, a pá. Quando ela está  virada para baixo, é inútil não serve para nada. Hoje em dia, “pá  virada” tem outro sentido. Refere-se a uma pessoa de maus instintos e  criadora de casos ou a um aventureiro.
Deixar de Nhenhenhém
Significado: Conversa interminável em tom de lamúria, irritante, monótona. Resmungo, rezinga. 
Histórico:  Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao  Brasil, eles não entendiam aquela falação estranha e diziam que os  portugueses ficavam a dizer “nhen-nhen-nhen”.
Estar de paquete
Significado: Situação das mulheres quando estão menstruadas. 
Histórico:  Paquete, já nos ensina o Aurélio, é um das denominações de navio. A  partir de 1810, chegava um paquete mensalmente, no mesmo dia, no Rio de  Janeiro. E a bandeira vermelha da Inglaterra tremulava. Daí logo se  vulgarizou a expressão sobre o ciclo menstrual das mulheres. Foi até  escrita uma “Convenção Sobre o Estabelecimento dos Paquetes”,  referindo-se, é claro, aos navios mensais.
Pensando na morte da bezerra
Significado: Estar distante, pensativo, alheio a tudo. 
Histórico:  Esta é bíblica. Como vocês sabem, o bezerro era adorado pelos hebreus e  sacrificados para Deus num altar. Quando Absalão, por não ter mais  bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra, seu filho menor, que tinha  grande carinho pelo animal, se opôs. Em vão. A bezerra foi oferecida aos  céus e o garoto passou o resto da vida sentado do lado do altar  “pensando na morte da bezerra”. Consta que meses depois veio a falecer.
Não entender patavina
Significado: Não saber nada sobre determinado assunto. Nada mesmo. 
Histórico:  Tito Lívio, natural de Patavium (hoje Pádova, na Itália), usava um  latim horroroso, originário de sua região. Nem todos entendiam. Daí  surgiu o Patavinismo, que originariamente significava não entender Tito  Lívio, não entender patavina.
Jurar de pés junto
A  expressão surgiu das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas  quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e  era torturado para confessar seus crimes.
Testa de ferro
O  Duque Emanuele Filiberto di Savoia, conhecido como Testa di Ferro, foi  rei de Chipre e Jerusalém. Mas tinha somente o título e nenhum poder  verdadeiro. Daí a expressão ser atribuída a alguém que aparece como  responsável por um por um negócio ou empresa sem que o seja  efetivamente.
Erro crasso
Na  Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por  três pessoas. No primeiro destes Triunviratos, tínhamos: Caio Júlio,  Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo  chamado Partos. Confiante  na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e  simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de  pouca visibilidade. Os Partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer  os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a  cair. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um “erro crasso“.
Lágrimas de crocodilo
O  crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da  boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto  devora a vítima. Daí a expressão significar choro fingido.
Fila indiana
Tem origem na forma de caminhar dos índios americanos, que, desse modo, encobriam as pegadas dos que iam na frente.
Passar a mão pela cabeça
Significa  perdoar, e vem do costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a  mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronuncia a bênção.
Gatos pingados
Esta  expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em  pingar óleo fervente em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos.  
Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como  o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a  expressão “gatos pingados” passou a significar pequena assistência sem  entusiasmo ou curiosidade para qualquer evento.
Queimar as pestanas
Antes  do aparecimento da eletricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma  vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário  colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar  num momento de descuido queimar as pestanas. Por essa razão, aplica-se  àqueles que estudam muito.
Sem papas na língua
Significa ser franco, dizer o que sabe, sem rodeios. A  expressão vem da frase castelhana “no tener pepitas em la lengua”.  Pepitas, diminutivo de papas, são partículas que surgem na língua de  algumas galinhas, é uma espécie de tumor que lhes obstrui o cacarejo.  Quando não há pepitas (papas), a língua fica livre.
A toque de caixa
A  caixa é o corpo oco do tambor que foi levado para a a Europa pelos  árabes. Como os exercícios militares eram acompanhados pelo som de  tambores, dizia-se que os soldados marchavam a toque de caixa. Atualmente, refere-se a uma tarefa que se tem de fazer rapidamente, eventualmente a mando de alguém ou mesmo à força.
Maria vai com as outras
Dona  Maria I, mãe de D. João VI (avó de D. Pedro I e bisavó de D. Pedro II),  enlouqueceu de um dia para o outro . Declarada incapaz de governar, foi  afastada do trono. Passou  a viver recolhida e só era vista quando saía para caminhar a pé,  escoltada por numerosas damas de companhia. Quando o povo via a rainha  levada pelas damas nesse cortejo, costumava comentar: “Lá vai D. Maria  com as outras”. Atualmente aplica-se a expressão a uma pessoa que não tem opinião e se deixa convencer com a maior facilidade.
Fonte: CASCUDO, Luís da Câmara. Locuções Tradicionais no Brasil. São Paulo, Editora Global/2008. Quer comprar o livro? Clique aqui