sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Qual o valor da palavra DETONAR?




O verbo DETONAR é, sem dúvida, o campeão. Se fôssemos escolher o maior vício da linguagem jornalística desde 1997, o DETONAR já estaria eleito. Eu não estou me referindo ao enorme número de bombas que, infelizmente, foram detonadas durante este ano. Na verdade, estou aludindo ao mau uso do verbo DETONAR, nos mais variados sentidos. Hoje "detonam" qualquer coisa.


 Tivemos a oportunidade de ler e ouvir "coisas" do tipo:
"Foi a avó que DETONOU nela a verdadeira paixão pela música."
"A estratégia foi suficiente para DETONAR uma intensa propaganda boca a boca."
"O Presidente DETONA o que pode ser um difícil processo de confirmação."
"É o mesmo fator que DETONOU a crise do México em 94."
 
É interessante observar que o verbo DETONAR ganhou várias acepções: começar, iniciar, gerar, expandir, crescer, desenvolver...


Isso tudo sem falar na mania de usar o DETONAR como sinônimo de DIZER ou AFIRMAR.


Além da pobreza de estilo (toda metáfora exageradamente repetida perde a expressividade e a graça), devemos observar as ambigüidades. No exemplo "Foi a avó que DETONOU nela a verdadeira paixão pela música", o autor queria referir-se ao fato de ter sido "a avó quem DESPERTOU nela a verdadeira paixão pela música". Porém, um desavisado poderia imaginar que "a avó teria DESTRUÍDO a paixão pela música". 
Fenômeno semelhante ocorre em "É o mesmo fator que DETONOU a crise do México em 94". Aqui, o autor se referia "ao fator GERADOR ou ao fator que INICIOU a crise do México em 94". Mais uma vez, o nosso leitor desavisado poderia dar outra interpretação: para ele, é "o fator que ACABOU com a crise do México em 94". Sugiro, portanto, que o verbo DETONAR seja detonado, no verdadeiro sentido da palavra.

"Terroristas EXPLODEM bomba em hotel lotado de turistas." É impossível que terroristas tenham "explodido" uma bomba. É a bomba que explode. O verbo EXPLODIR é intransitivo (=ninguém explode nada, é a coisa que explode). Na verdade, "os terroristas DETONARAM uma bomba". Esse é o uso correto do verbo DETONAR. Agora, uma sugestão: não devemos substituir "detonar crise" por "explodir crise". O problema é o mesmo. 


Cuidado com as metáforas! Com o desejo de não repetir o verbo DIZER, é freqüente vê-lo substituído não só por DETONAR e EXPLODIR como também por "disparou, fulano", "alfinetou, beltrano", "dinamitou, sicrano"... Essa "criatividade" excessiva pode nos levar a "coisas" ridículas, como: "Foram tantos sucessos que CATAPULTARAM o grupo para a fila do gargarejo da MPB." Se você não entendeu a "metáfora", a "tradução" é a seguinte: "o tal grupo estava, na parada de sucessos, em 10º lugar; entretanto os últimos sucessos foram tantos que o grupo foi para o 1º lugar". Haja criatividade!

Assim não dá! Se DETONAR já é difícil de aturar, imagine CATAPULTAR.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Feliz Ano Novo!

                 Que a chegada do ano novo traga muita luz para sua vida!

                            Muito obrigado a todos que visitam o blog!!!

Para ganhar um ano-novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

10 incríveis dicas de interpretação de textos

Tome Nota!

Na internet é comum encontrarmos dicas mirabolantes para as mais diversas coisas. interpretar textos é um dos assuntos para os quais as pessoas mais se aventuram a ensinar como fazer. Não se engane com fórmulas mirabolantes. Só interpreta bem que sabe ler. Ler aqui deve ser tomado no sentido global: leitura de textos, decodificação, intertextualidade, leitura de mundo, sensibilidade artística. Encontrei, porém, mais alguns toques que podem ajudá-los a, no mínimo, saber o que deve ser visto. Nada, no entanto, substitui a prática. 

1 – Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contato com o assunto; a segunda para observar como o texto está articulado; desenvolvido.

2 – Observar que um parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma conclusão ou, ainda, uma falsa oposição.

3 – Sublinhar, em cada parágrafo, a idéia mais importante (tópico frasal).

4 – Ler com muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a intenção do que foi pedido.

5 – Sublinhar palavras como: erro, incorreto, correto, etc., para não se confundir no momento de responder à questão.

6 – Escrever, ao lado de cada parágrafo, ou de cada estrofe, a idéia mais importante contida neles.

7 – Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu.

8 – Se o enunciado mencionar tema ou idéia principal, deve-se examinar com atenção a introdução e/ou a conclusão.

9 – Se o enunciado mencionar argumentação, deve preocupar-se com o desenvolvimento.

10 – Tomar cuidado com os vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.)