segunda-feira, 28 de maio de 2012

Trabalho:Tortura?


Nem sempre a ideia de trabalho esteve ligada a algo que dignificasse o homem. Na sua origem, a palavra trabalho estava relacionada à ideia de tortura, de sofrimento.

O substantivo trabalho provém da palavra latina tripalium, que, por sua vez, tem origem em tri (três) + palus (pau). O tripalium era um instrumento formado por três paus fincados no chão no qual os romanos torturavam os escravos. O verbo trabalhar provém do verbo latino tripaliare, que significava torturar com o tripalium.

A ideia de trabalho como algo que causa dor e sofrimento está presente em nossa língua em expressões como "está trabalhando feito um condenado", "isso dá muito trabalho" e "deu uma trabalheira danada".
Fonte: Ernani Terra.

domingo, 13 de maio de 2012

O Grau Diminutivo de Alguns Substantivos

O grau refere-se a uma das flexões inerentes aos substantivos, e que se torna alvo de questionamentos em razão de apresentarem algumas particularidades, como é o caso da forma analítica, a qual permite mais de uma colocação.

Questionamentos estes que vão sendo suprimidos à medida que ampliamos nossos conhecimentos em relação aos fatos concebidos pela língua. A leitura e a escrita são fatores preponderantes rumo ao alcance desse objetivo, pois a partir do momento em que estabelecemos uma familiaridade maior com os mesmos, tornamo-nos aptos a colocá-los em prática de forma correta.

No intento de reforçarmos um pouco mais os nossos conhecimentos sobre o grau diminutivo de alguns substantivos, apresenta-se a seguir uma relação contendo os mesmos:

Substantivo Grau diminutivo
animal animalejo, animalzinho,animálculo
árvore arbúsculo, arbusto, arvoreta
asa álula, aselha
caixa caixeta, caixote, caixola
cão cãozinho, canicho, cãozito
chapéu chapeleta, chapelinho
chuva chuvisco, chuvisqueiro
corpo corpúsculo
dente dentículo
face faceta
fazenda fazendola
filho filhinho, filhote
 fita  fitilho,
flor   florinha, florículo, florzinha, flóculo
 fogo  fogacho
 folha  folíolo
 gota  gotícula
 homem  homenzinho, hominho, homúnculo
 língua  lingueta
 livro  livreto, livrete
 lugar  lugarejo
 mala  malote, maleta
 nó  nódulo
 ovo  óvulo
 palácio  palacete
 papel  papelico, papelete, papelucho, papelinho
 pele  película
 poema  poemeto
 rua  ruela
 rio  riacho, ribeiro, regato
 verso  versículo
Por Vânia Maria do Nascimento Duarte

Vícios de linguagem

Os vícios de linguagem se classificam em:

- Barbarismo: desvio da norma quanto à:

- grafia: proesa em vez de proeza;
- pronúncia: incrustrar em vez de incrustar;
- morfologia: cidadões em vez de cidadãos;
- semântica: Ele comprimentou o tio (em vez de cumprimentou).
- todas as formas de estrangeirismo são consideradas, por diversos autores, barbarismo.
  Ex: weekend em vez de fim de semana.

- Arcaísmo: emprego de palavras ou estruturas antigas que deixaram de ser usadas.
Ex: Vossa Mercê em vez de você.

- Neologismo: emprego de novas palavras que não foram incorporadas pelo idioma.
Ex: Que pode uma criatura senão,
     entre criaturas, amar?
     amar e esquecer,
     amar e malamar,
     amar, desamar, amar?
     sempre, e até de olhos vidrados, amar?

- Solecismo: erros de sintaxe contra as normas de concordância, de regência ou de colocação.

- concordância: Sobrou muitas vagas (em vez de sobraram).
- regência: Hoje assistiremos o filme (em vez de ao filme).
- colocação: Me empresta o carro? (em vez de empresta-me)

- Ambigüidade: ocorre quando uma frase causa duplo sentido de interpretação.
Ex: O ladrão matou o policial dentro de sua casa. (na casa do ladrão ou do policial?).

- Cacófato: refere-se ao mau som que resulta na união de duas ou mais palavras no interior da frase.
Ex: Nunca gasta com o que não é necessário.

- Eco: ocorrência de terminações iguais.
Ex: Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão.

- Pleonasmo: redundância desnecessária de informação.
Ex: Está na hora de entrarmos pra dentro.

Por Marina Cabral

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Observações sobre o uso da letra X

1) O X pode representar os seguintes fonemas:
    /ch/ - xarope, vexame
    /cs/ - axila, nexo
    /z/ - exame, exílio
    /ss/ - máximo, próximo
    /s/ - texto, extenso
2) Não soa nos grupos internos -xce- e -xci-
    Exemplos: excelente, excitar

Emprego das letras E e I
Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i / pode não ser nítida. Observe:
Emprega-se o E:
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar
    Exemplos:
    magoar - magoe, magoes
    continuar- continue, continues
2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior)
    Exemplos: antebraço, antecipar
3) Nos seguintes vocábulos:
    cadeado, confete, disenteria, empecilho, irrequieto, mexerico, orquídea, etc.

Emprega-se o I :
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -air, -oer, -uir
    Exemplos:
    cair- cai
    doer- dói
    influir- influi
2) Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra)
    Exemplos:
    Anticristo, antitetânico
3) Nos seguintes vocábulos:
    aborígine, artimanha, chefiar, digladiar, penicilina, privilégio, etc. 
    www.soportugues.com.br

quarta-feira, 28 de março de 2012

Interpretação de texto Para entender, identifique os símbolos

"Ler significa aproximar-se de algo que acaba de ganhar existência."
Italo Calvino


Um mapa aberto. A mão estendida para a cartomante. Os búzios na terra. Pegadas na areia. Um pescador olha para o céu e sabe se vai chover. Um biólogo segue os rastros de uma onça pela floresta. Muros escritos da cidade. A linguagem das mãos dos surdos-mudos. O rosto do outro. Os sonhos estranhos. As placas na estrada.

Livros abertos: uma menina deitada no chão vê imagens coloridas. Um homem lê um romance. Uma mulher está atenta às notícias do dia, num jornal. Leituras.

Vivemos num mundo imerso em sinais que fatalmente vemos e precisamos olhar, ler, decifrar. Talvez tão naturalmente quanto respiramos, desenvolvemos a capacidade de ler continuamente as coisas que nos cercam. Lemos para nos entender, para entender os outros e o universo de que fazemos parte. Desde bebês, já estamos atentos às linguagens que nos circundam: os cheiros, os barulhos, as vozes da mãe, do pai, os toques: carícias ou palmadas.

Oralidade e escrita

À medida que crescemos, lançamo-nos às aventuras dos sons articulados, do falar, da língua. Logo passamos a desenhar, a começar a delinear formas na página branca do papel. Começamos a reconhecer letras, sílabas, textos: a escrita abre novas possibilidades para a linguagem que, oralmente, já conquistamos. Depois de aprender a decifrar os textos, estaremos lendo o tempo todo - para sempre. Qualquer palavra que surja à nossa frente é imediatamente decodificada.

Descobrir e decifrar

O ato de ler implica descobrir e conhecer o mundo. Com ele, desenvolvemos o tempo todo um processo de atribuir sentido às coisas. Pense nos inúmeros textos que você encontra em seu dia a dia, enquanto está caminhando em uma avenida, por exemplo: pichações nos muros, outdoors, nomes de ruas nas placas das esquinas, anúncios de lojas, letreiros de edifícios, números das casas, sem falar na banca de jornal, repleta de imagens e manchetes. Na verdade, quase sem perceber, você caminhado por um universo de signos, ou de símbolos, ou ainda de sinais.

O sentido das coisas nos vem principalmente por meio do olhar, da leitura: da compreensão e da interpretação desses múltiplos signos que enxergamos, desde os mais corriqueiros, como os nomes de ruas, até os mais complexos, como uma poesia com metáforas e imagens - cujo sentido muitas vezes demoramos para decifrar.

No poema que segue, de Paulo Leminski, percebe-se o quanto é essencial para o ser humano a atribuição de significados, tanto para os mistérios do nosso mundo interior, quanto para as coisas e fenômenos do mundo exterior a nós:

Buscando o sentido
O sentido, acho, é a entidade mais misteriosa do universo.
Relação, não coisa, entre a consciência, a vivência e as coisas e os eventos.
O sentido dos gestos. O sentido dos produtos. O sentido do ato de existir.
Me recuso a viver num mundo sem sentido.
Estes anseios/ensaios são incursões conceptuais em busca do sentido.
Pois isso é próprio da natureza do sentido: ele não existe nas coisas, tem que ser buscado, numa busca que é sua própria fundação.
Só buscar o sentido faz, realmente, sentido.
Tirando isso, não tem sentido.


Interpretar um texto, então, é tarefa com a qual você já está habituado: da mesma maneira que você identifica na cozinha um estrondo de metais como o sinal de que sua mãe deixou cair as panelas no chão, identifique os símbolos do texto e tente relacioná-los com fatos "do mundo" real. O que o autor quis dizer com tal palavra? Aquele sentimento, você já o experimentou? Entendendo esses símbolos, sua leitura será mais rica e prazerosa.

* Carla Caruso é escritora, pesquisadora e realiza projetos de capacitação de professores no Estado de São Paulo.