sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Poema de Natal, Vinícius de Moraes

 
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:

Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
  Fonte: http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=157

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Crônica. Origem e Características.


Crônica. Origem e Características.

Há alguns dias resolvi escrever algumas histórias e escolhi o formato de crônica. Para rer certeza de que estava fazendo o certo fui procurar o significado e demais características dessa foram de escrever. Escrever corretamente já é difícil e mais difícil ainda é conseguir colocar em palavras a história que queremos contar. Também é difícil fazer com que o texto fique interessante, acredito que só a prática pode melhorar isso. Por isso já escrevi algumas e publiquei aqui, alguns leitores não gostaram e assim se expressaram, se alguém gostou nada disse.

A crônica tem a seguinte origem, segundo a Wikipedia:

A palavra crônica deriva do Latim chronica que significava, no início do Cristianismo, o relato de acontecimentos em sua ordem temporal (cronológica). Era, portanto, um registro cronológico de eventos.

No século XIX, com o desenvolvimento da imprensa, a crônica passou a fazer parte dos jornais. Ela apareceu pela primeira vez em 1799, no Journal de Débats, publicado em Paris.

A crônica apresenta as seguintes características:

A crônica é, primordialmente, um texto escrito para ser publicado no jornal. Assim o fato de ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje seguem-se muitas outras nas próximas edições.

Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o repórter, o cronista se inspira nos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica. Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém.

Com base nisso, pode-se dizer que a crônica situa-se entre o jornalismo e a literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia.

A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam.

Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.

Em resumo, podemos determinar cinco pontos:

- Narração histórica pela ordem do tempo em que se deram os fatos.

- Seção ou artigo especial sobre literatura, assuntos científicos, esporte etc., em jornal ou outro periódico.

- Pequeno conto baseado em algo do cotidiano.

- Normalmente possui uma crítica indireta.

- Muitas vezes a crônica vem escrita em tom humorístico. Exemplos de autores deste tipo de crônica no Brasil são Fernando Sabino, Helyda Rezende, Leon Eliachar, Luis Fernando Verissimo, Millôr Fernandes.

Nas escolhas da vida, você acredita em destino?


Nas escolhas da vida, você acredita em destino?

Nossa vida é repleta de escolhas e todos os dias temos que decidir entre uma coisa ou outra e estas decisões, por menores que sejam, podem afetar a nossa vida futura ou de outras pessoas. No artigo abaixo a escritora Martha Medeiros fala sobre esse assunto de forma muito apropriada. O texto foi publicado no caderno Donna do jornal Zero Hora.

Alguém consegue ter 100% de certeza sobre as escolhas que deve fazer?

Nunca as pessoas procuraram tantas fórmulas para buscar serenidade e compreensão diante dos dilemas emocionais da vida. Muitos fazem terapia, outros se apoiam em medicamentos, há os que consomem literatura filosófica, psicanalítica ou de autoajuda, há quem busque respostas na astrologia, os que se consolam na religião, mas ainda que tudo isso (ou algo disso) ajude a lidar com os questionamentos que nos perturbam, nada parece convincente o bastante. Alguém consegue ter 100% de certeza sobre as escolhas que deve fazer? Vai ou fica? Arrisca ou espera? Aceita ou recusa? Todos os dias tomamos decisões, a maioria delas corriqueiras, mas há momentos em que nos sentimos paralisados pela dúvida. O tão propagado autoconhecimento nos dá uma pista sobre o caminho a seguir, mas decidir é sempre tenso e desgastante. Nessas horas de extrema fragilidade é que a gente torce para que não seja preciso decidir nada: tudo o que se quer é que o destino interfira.

E ele interfere. Um telefonema que toca, um e-mail que chega, um convite que é feito, uma pessoa que nos é apresentada. Uma trivialidade qualquer pode dar a você as respostas que não tinha. Ou simplesmente aniquilar com suas perguntas, o que é ainda melhor. Tudo o que se espera do destino é que ele assuma o comando por nós.

Exemplo: uma amiga estava tentada a ceder às investidas do ex-marido, mesmo sabendo que a relação não tinha mais combustível. Ainda sentia algo por ele, mas temia sofrer tudo o que já havia sofrido antes. Ainda assim, pensava: por que não dar outra chance? Por outro lado, vale a pena percorrer o mesmo caminho já trilhado? Enquanto se consumia entre o medo de voltar para um amor insatisfatório e o medo de perdê-lo para sempre, o destino resolveu o caso: ao entrar no elevador pela manhã, ela encontrou um moço que estava perdido, sem saber em que andar descer para visitar um amigo. Dias depois recebeu um e-mail desse mesmo moço, e o resto da história fica a critério da imaginação de cada um.

Outro exemplo: um homem havia recebido uma proposta para trabalhar em São Paulo, mas isso significaria ter que deixar a mulher e a filha em Porto Alegre, já que a carreira bem-sucedida dela a impedia de acompanhá-lo. Ele, por sua vez, estava ganhando mal, se sentindo desprestigiado no emprego, e a nova oferta de emprego solucionaria essa questão, mas não tinha vontade de ir sozinho para uma cidade onde não conhecia ninguém. Fosse qual fosse a decisão tomada, haveria um custo emocional. Foi passar um feriado no Uruguai para espairecer e pensar melhor, ganhou uma bolada no cassino e investiu o dinheiro numa pequena sociedade com um ex-colega da faculdade, mudando completamente seu rumo profissional, sem precisar se mudar.

Vai ou fica? Arrisca ou espera? Aceita ou recusa? Que o destino, de vez em quando, decida por nós. A gente merece uma trégua.

Como morre um homem


Palavras. Como morre um homem


Que ninguém pergunte ao vento
como morre um homem.
De ofendido morre um homem
quando do peito perde a palavra
e mais não há por ele o que lutar
e mais não há por nós o que gritar.
Somos esta longa morte
que não cessa de nos assassinar.

Quando cala, morre um homem,
giboso entre o vinho do rei e o bobo,
premonição cega de sonhos indigentes.
Morre um homem quando perde o nome
e tomba sobre ele o silêncio duma paixão
a salgar o cadáver de seu último desejo
Morre um homem quando morre o revide
feito despojo para a gula das aves de rapina.